sexta-feira, 3 de abril de 2009

Dentes ao Sol !

Como diria o Itamar Assumpção – “não adianta vir arreganhando os dentes para mim, por que sei que isso não é um sorriso”.
Sim, fico olhando as pessoas que passam para lá e para cá o tempo todo com seus os dentes, em alguns casos , alvos, brilhando ao sol ou ao luar. Na maioria das vezes, alguns poucos dentes, nem tão alvos, lutam bravamente por um, merecido, espaço ao sol. Dentes ao vento. Não importa se contra ou a favor, se identificados, amarelados, esburacados, amados, amantes, odiados, não importa! O certo é que lá estão eles, sempre teimando em sair da caixa ao qual foram, teoricamente, confinados.

Afinal, o que querem esses dentes ao sol?
Quando afastados, superiores e inferiores, podem estar a saudar, a sorrir. São poderosos meios de comunicação. Se quero te dizer que sinto prazer ao seu lado, utilizo-os para sorrir meigamente, se é que um dente pode ser meigo, para você. Uso-o como senha de paz para me aproximar, depois, bem depois, é outra questão. Lembra daqueles dentes arredondados, em sorriso? Pois, vão se transfigurando, tornando-se pontiagudos, ressecados, Incisivos, malcriados. Nem parecem os mesmos, “estão ficando pirados”, mas continuam a comunicar carinho.

Mas quando estão cerrados, ah! Aí baby, a história é outra. Esses poderosos meios de comunicação demonstram sua indignação, sua não aceitação, ira, expurgo, maldição, palavras grandes e desbotadas, ou melhor, palavrão. Não se aproxime, mude imediatamente seu posicionamento, sua argumentação. É como se tivessem a te dizer não. Afinal, voltando a Itamar; “você vai notar, olhando ao redor, que sou dos males o menor!”.

Hoje estou levando os meus dentes para passear, coitados, têm presenciado tantas barbaridades que estão estressados, não param de ranger. Comunicam-se comigo através da dor. Quando não estão satisfeitos com algo, começam a doer, como a me dizer – hora de mudar de rota, de passar uma escova para alvejar, mudar de calçada, rever as ações, parar em frente ao espelho e se perguntar – dentes que desta boca brotaram, será hora de preservar a maçã?

Pelo sim, pelo não, não ficarei aqui parado vendo seus lábios intransigentes a me fitar. Tenho os meus dentes em juízo perfeito, portanto, prontos para a arte de amar. Afinal, dentadas de amor, doem.

Roger Ribeiro – 11/08/08.

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