sexta-feira, 3 de abril de 2009

Hoje eu tô Virado no Quiabo !


Qualquer dia desses vou sair por aí atentando a paciência do universo. É, é isso mesmo, você não leu errado não, vou acordar pelo avesso, atravessar o corredor no sentido da cozinha sem passar, nem sequer olhar para o banheiro, muito menos para o espelho, o cabelo, manter arapuá, escova nos dentes então... Nem pensar.

Vou sair de casa pela porta de entrada, limpar os pés antes de pô-los na calçada, deixar a calça e o sapato e ir pro trabalho sem nada! Ops!!! bem... tudo bem, de sunguinha e sandália. Vou tratar meu chefe de camarada e na hora do almoço vou tomar um conhaque de entrada e completar com uma cerveja gelada, água nunca nem da torneira nem filtrada, mineral! Eka! Jamais, nunca, nada.

Sim meu amigo, você ainda não viu nada. Você não sabe o que lhe aguarda. No retorno do almoço farei do elevador, mictório, pia, privada, do teclado do computador almofada e do monitor saco de porrada!

Ao fim do dia, ligarei pra mãe de minha namorada, convidá-la-ei para uma noitada. Confessarei a ela como sua cria é mimada, aguada, desajeitada, desleixada, chata, insuportável pra mim e pra toda a turma da pesada e que descobri enfim, que além de tudo isso ela ainda tem outro, ou melhor, outra namorada! Xiiii sogrinha! Pela primeira vez verás tua obra acabada. Tomaremos uns chopes e te darei uma dentada, mandíbulas iradas. Não vais ficar excitada, hem! É só para que vejas que estás bem acordada.

Deixar-te-ei, em sua casa com a mala do padrasto da minha, a essa altura, ex-namorada. Sairei de fininho, com cara de paisagem para não escutar os gritos, ou gargalhadas. Pararei no boteco da esquina para engolir uma salada cheia de maionese, ovo, apresuntado e quitute em lata enferrujada.

Ao ver passar meus companheiros de malhação, darei risada, gargalhada, estrebucharei de felicidade e pedirei uma tubaína de tutti-frutti bem açucarada, pois hoje de álcool, não beberei mais nada. E para mostrar para minha saúde que de hoje em diante ela não me vale mais nada, adicionarei à minha poderosa salada, o hamburguer do boteco, tradicionalmente na chapa suja e com a validade adulterada, com alface mal lavada, patrocínio do Deus te Guie, funerária.

Voltarei para casa de ônibus em plena madrugada, deitado no banco do fundo fumando, cantando e contando piada, ficarei “chapa” do motorista e do cobrador, no ponto final uma rodada de carteado ou dominó, quem perder terá de dar um beijo de língua em Deusdete, conhecida ao amanhecer como Arnaldão, boca depravada!

Ao fim, me arrastarei até minha casa, entrarei pela porta da saída, passarei direto pelo quarto e deitarei de meia e sapato no piso do banheiro, com o bidê de travesseiro, abraçado ao vaso, como namorada. Tudo prá dormir de olhos bem abertos afinal... Hoje eu acordei para escorregar, difamar, blasfemar, pra dizer com todas as letras o que todos estão cansados de escutar. Afinal, amiguinho, você vai dizer que nunca ouviu falar que:

- Quando Deus dá a farinha, o quiabo esconde o saco?
- Mente vazia é casa do quiabo?
- Enquanto Freud explica, o quiabo dá o toque?

Você. É você mesmo, humaninho, todo lindinho de banho tomado, cheiroso parecendo enteado de barbeiro, vai olhar prá minha carinha e dizer que não sabe que “mulher de bigode nem o quiabo pode”?

Sim, você tem razão hoje acordei com o quiabo no corpo, vou por na vitrola, a todo volume, o vinil do Buddy Holly afinal, planeta Terra:

O QUIABO É O PAI DO ROCK.

Roger Ribeiro.
18/09/2008.

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